fim?

to aqui assistindo a impressora dar concretude ao que me consumiu pelos últimos 30 meses. Cada folha nova que a impressora cospe, cheia de letras, palavras, frases, parágrafos, vão dando forma ao meu suor, minhas noites mal dormidas, minhas pesquisas, minha produção de conhecimento. Quem diria.

Cada folha que se sobrepõe a anterior vai dando volume ao meu aprendizado, ao quanto eu cresci [chorei, briguei, cansei, pirei, adoeci, mas sem dúvida, cresci].

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escrever/falar em inglês sempre me fascinou porque sempre se qualifica antes de dizer o que é. É o blue pássaro, a beautiful flor. E não é sempre o adjetivo que nos chama atenção antes do substantivo?

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o cansaço mental existe. E ele mora comigo.

au revoir

a história, na verdade, é longa, mas me dói tanto no momento contá-la, que a farei curta. Resumida para o entendimento, mas breve para tamanho do sentimento.

acho que desenvolvi minha capacidade argumentativa, porque sempre acreditei que não há nada que não possa ser resolvido com uma boa conversa. Nem que seja para concordarmos que discordamos, mas, por favor, vamos deixar claro em que pontos até a última minúcia.

E talvez, ainda, porque eu sempre tive muitas palavras, muitas ideias, muitas letras se confundiam no meu DNA, invadiam minha corrente sanguínea: era inútil, elas tinham que sair.

Então, não posso deixar de comentar a minha surpresa quando fui caluniada, pela primeira vez na vida que me importei com o que falavam, e o que eu dizia não surtia qualquer efeito. Minhas palavras já nasciam mortas, escravas de fatos irreais cruéis.

No exílio, para o qual no começo eu fui de bom grado, 'que se fodam todos', refleti. Como ser humano que sou, havia cometido uma infinitude de erros, cada um pior que o outro, sempre arrumando justificativas para tê-los cometido. E vejam só vocês, eu pagava a sentença exatamente do único erro que eu não tinha cometido.

Injusta vida.

E mesmo quando retornei a minha terra natal, fui vítima dos desencontros e dos desatinos. Mas ainda mais dos desencontros. E quantos desatinos!

Porém, nunca imaginei perder o meu relicário. E, quem sabe, esse é o sinal que estava faltando para eu trancar essa porta, jogar a chave no lago mais fundo e não voltar nunca mais.


fragmentos

se eu tivesse que escolher um personagem para minha atual condição, com certeza, seria o coelho branco do "Alice..."

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Esses dias de pouco tempo e muito foco, a hora de dormir tem se tornado o local especial para a reflexão - jeito bonito que eu tenho de chamar a insônia.

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Tenho me saído até bem de todos os imprevistos que eu mesma causei.

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Para algumas coisas, muitas coisas, eu tenho mais vontade que talento.

A pressão a [meu] gosto.

fechei os olhos em março, acordei em agosto.
Agosto que rima com desgosto. Mês de 31 dias e sem feriados.

Minha atual necessidade por tempo, um tempo infinito, um tempo que não sei precisar quanto tempo é.
Só sei que é um tempo.

Um tempo para eu respirar.

Inspira.
O ar, as palavras, o meu texto.
Os momentos finais, pressionados para serem finais.
E que seriam prorrogados, postergados, estendidos até seu último momento, porque é a necessidade de ser último, de ser fim que me move. Tudo precisa ser esgotado, exaurido, consumido até a última gota. A distância, o longo prazo me deixam inerte.

Expira.
O ar, as palavras e o prazo.
A correria. A adrenalina dos metros finais. A visão da linha de chegada, tão longe e tão perto.
O esforço. A insônia. O medo. Tudo isso misturado a um grau de motivação que antes era inexistente.
O agora, a última hora.

meu vício é o efêmero.