Amanhã. O inalcançável.

Só porque eu tenho certeza que você também já sentiu aquela esperançazinha que o fim de ano traz, eu não vou achar que estou falando besteira.

Sabe lá Deus porque do dia 31 de dezembro pro dia 01 de janeiro a gente acha que pode tudo, que tudo será diferente, renovado, reciclado, esquecido, perdoado. Sabe lá Deus porque a gente não faz isso do dia 13 de março pro dia 14. Ou porque não faz agora.

Quando esse minuto acabar e o ponteiro finalmente chegar ao 12, a magia reinicia. E vamos fazer aquela dieta que sempre deixamos para segunda [que segunda?]. Ou que vamos estudar mais, seremos mais pacientes, mais compreensivos, mais focados, mais humanos...

Para amanhã eu prometo ser uma pessoa melhor. E quando eu acordo, é hoje, e bem... hoje eu não prometi nada.

Que necessidade besta de ordem, de burocracia, de sentido. De começar as coisas pela segunda, pelo dia 01, pela meia noite, pelo começo. E tudo é semana que vem, mês que vem, ano que vem... E vem.

E a gente? Vem?

Saravá, Pé de pato, mangalô, 3 vezes!

eu sou uma pessoa sem sorte. Mas não essa sorte que vocês pensaram ae. Eu tenho, sim, a sorte de ter família, mãe, pai, irmão, sobrinha, amigos, e casa pra morar e faculdade pra estudar e comida, roupas pra vestir e esse blog pra reclamar.

Não é dessa sorte que eu to falando. É a sorte de, por exemplo, não ser a única a não ganhar presente no amigo oculto. Lógico, alguém tem que ficar sem. Alguém tem que tropeçar, em alguém o pombo tem que cagar, alguém tem que acordar com uma borboleta dando rasante, alguém tem que cancelar o curso e não te pagarem [ainda!].

Alguém. É o equilíbrio do mundo. Nem tudo pode dar certo para todo mundo.

Mas tudo dar errado para mim é que tá foda... vamos descentralizar?

partiu revisão?

amei, chorei, superei, amei de novo, esqueci, chorei, sofri.

confiei e me decepcionei. construí e descontrui. fiz e defiz.

descobri. viajei. vi. ri. fotografei.

falei. calei. corri o mais rápido que pude.

e de tantos outros, e poucos, e intensos sonhos

soltos, entre loucos, compromissos desfeitos

dos desafios, ao amadurecimento, aos amigos fiéis.

365 dias comprimidos em uma palavra tão pequena.

dias foram e vieram e se transformaram em semanas e de repente meses

e quando me dei conta, meus sonhos e desejos vencidos pela ferrugem do tempo...

que eu não soube administrar.

o que será que me manteve tão ocupada?




Contra uma primeira impressão que fique...

No sábado, estive em uma festa. Foi nessa ocasião que um de nossos amigos resolveu levar a nova namorada pela primeira vez. Chegamos à festa e ele já estava. Chegamos falando alto, rindo, abraçando e cumprimentando todo mundo, dividindo piadas internas e tocando em assuntos próprios da nossa dinâmica.

E a menina ao lado do meu amigo como quem assiste jogo de tênis. O rosto ia de um lado para outro. Às vezes um sorriso ou uma risada com o conjunto da galera. Eis que todas as meninas resolvem ir dançar. Alguns meninos acompanharam. "Vamos?" E ela fez que não. Uma amiga em comum ameaça: "Se você não for, não vamos aprová-la." Ela se retrai, murmura algo como "vou depois".

Não posso mensurar a empatia que tive com essa situação. Quem me conhece, sabe que eu sou falante, gosto de aparecer, faço piadas, às vezes um comentário com ausência de bom senso. Eu sou espontânea. Mas é só estar no meio dos amigos de um namorado qualquer, pronto. Eu mudo. Eu fico tímida, lacônica. Apresento minhas idéias e elas saem de forma agressiva.

É o exagero do esforço. Com todas as outras pessoas, eu não sinto a necessidade extrema em ser aceita, em agradar. Mas com os amigos do namorado é complicado. Se eles não gostarem de mim, significa que o namorado ficará em posição desconfortável sempre que tivermos que sair juntos. Significa que eu ficarei desconfortável. Significa que eles ficaram desconfortáveis. E um encontro que era para ser agradável, começa com "ih, lá vem aquela namorada insuportável do fulano".

Aff... por aqui eu tento fazer a minha parte. Sempre que conheço a namorado de amigos, eu converso, sorrio, tento enturmá-las, conto histórias engraçadas [não comprometedoras] sobre o namorado para ela rir. Eu faço por elas o que gostariam que fizessem por mim.

No final daquela festa, a namorada do amigo vira para mim e pergunta: estou aprovada? E eu, com o teor alcoólico elevado, nem sabia do que se tratava: Tá sim! Vai passar... Ela sorriu.

Nenhuma primeira impressão deveria ser tão decisiva quanto a oportunidade de se conhecer uma pessoa aos poucos.

sobre castelos, elos e afins.

Há quem invista suas fichas no ramo dos alicerces.
Cansei, quero pontes. To bem dos castelos de areia e das constantes ondas do mar.
Quero caminhos de ida e volta. Não que eu vá voltar, mas eu quero saber que eu posso.

Porque eu sempre sento aqui, construo essa bagaça sozinha, e ninguém me avisa que a brincadeira é de uma pessoa só. Se é solo, perae, deixa eu me mexer.

Castelos, to cheia. Cansei de brincar de princesa. Agora eu sou arquiteta, construo pontes.
E enquanto me vou, deixo os pedacinhos do meu coração pelo caminho. E quando volto eu monto tudo de novo, novo.

A verdade nunca me decepcionou

Eu começo esse post sem ter a mínima idéia do tema em questão. Não que eu nunca tenha feito isso, mas hoje a confusão dos sentimentos e dos acontecimentos me nubla.

Tem a minha versão. A outra versão. A versão ouvida. A versão dita. A contada. A esquecida.
Mas a realidade é uma só. Eu não sou fã da pós-modernidade. Eu não acredito que para a mesma realidade haja verdades diferentes. Eu não acredito que há diferentes certos e errados.

Condenem a minha ortodoxia o quanto quiserem. Para mim há tendências, há bom senso. Se a gente aceita o conceito de que o que é certo para mim, pode não ser para você, então tudo é permitido. E esse argumento vale para tudo. Eu faço algo que você não gosta, que você considera errado e eu me saio com um: "mas é certo para mim". Tchau e benção.

Posso estar falando merda. Posso mesmo. Mas eu ainda acredito na sinceridade e na empatia. Eu acredito que quando você faz algo que machuca alguém, mesmo que não fosse em um milhão de anos a sua intenção, você pode [e, na minha opinião, deve] considerar que machucou. Antes tudo, aqui cabem as desculpas. E depois das desculpas, qualquer justificativa que você acha que deva.

As pessoas são muito diferentes. E que bom que são diferentes. E a gente aprende uns com os outros. Aprende, inclusive, com quem se pode contar. E com quem, eventualmente, não pode.



Desatando nós...e nós!

Um emaranhado de fios. Quando penso na minha memória, eu me vejo perdida num emaranhado de fios vermelhos sem continuidade, presos uns aos outros por nós mal dados. Um ato falho, uma caminhada descuidada e os fios se desfazem e eu perco dias e dias de lembranças. Toda a tentativa de refazê-los termina numa invenção. Invento, crio e recrio o passado.

Porque é simples. Porque eu posso.

Se eu fizer força suficiente, eu me convenço. Me convenço. Eu sou absurdamente sugestionável. E se você me perguntar, lembra aquele dia em que fomos não sei a qual lugar, fazer sabe Deus o quê, acompanhados daquele monte de pessoas? E eu sinto os fios se juntando na mente, e as imagens se formando como tapetes.

Certo. Algumas dessas imagens eu nem sei porque guardei. Posso ter tido dias e experiências mais marcantes, mas a minha memória, tão rebelde, escolheu manter umas e não outras. Um sorriso. Uma lágrima. Uma frase. Palavras, gestos, horas ecoando na minha mente como fantasmas assombrando a minha sanidade.

Mas não tenho dúvidas de que está tudo lá guardado.  Está tudo lá naquele confuso e seletivo tear. Eu acredito que ninguém esquece. A gente supera. Supera o estranho prazer na dor de remoer as lembranças, de reviver diálogos, de se arrepender de atos. É esforço, é escolha. Mas a gente supera.

E o incômodo no peito que agora me toma, após desencadear certas lembranças, me faz constatar que talvez eu esteja menos curada do que eu gostaria.

Aposto minhas fichas no tempo e em seu poder de desgatar os fios dessas memórias, até que elas se percam nesse enorme e desarranjado emaranhado de nós.

Porque vocês existem, nada é tão difícil.

todo relacionamento requer um certo compromisso. E regras. E expectativas. E algumas surpresas. Uma ou outra. E sempre boas. Embora, haja as ruins.

Mas, até onde eu sei, envolve amor. Envolve sentimento. E sempre que há sentimento envolvido, há irracionalidade. Há expectativas exageradas. Há decepção. Não sei dizer se há perdão.

E há amizades que para mim representam um espelho. Eu me vejo nelas. Eu não preciso dizer. Elas conhecem o meu exato reflexo. Elas sabem que eu não como camarão.

Conhecem o meu lado pirracento, teimoso e às vezes pretensioso, de ter que ser convencida, ao invés de aceitar a ideia alheia. Sabem do meu coração remendado, da minha enorme esperança em encontrar alguém para vida inteira, mesmo que saibam que eu não levo fé em relacionamentos longos.

Entendem que, eventualmente, algo que me disserem vai ser tão verdade, que irá atravessar meu coração como uma flecha e que eu precisarei de alguns minutos para me recompor. E que isso pode vir acompanhado de algumas saídas repentinas do MSN ou estar absurdamente ocupada em segundos quando falamos ao telefone.

Sabem quem eu sou. Sabem da onde eu vim. Conhecem o complexo desenrolar de fatos que me levou a ser quem sou. E reconhecem o que de bom há em mim.

E são poucas as pessoas que compõem esse grupo. E cada vez, com o passar do tempo, o grupo fica menor. E só o que é verdadeiro, permanece. [clichê, mas verdade. Em tempos de efemeridade, conforta saber que algo é feito para durar].

Procrastinação (ou a vida cotidiana de qualquer estudante)

Ainda bem que eu não to namorando, nem ficando, nem dando, nem nada. Se não aíiii que eu não acabava esse trabalho mesmo!
E se eu contar que estou com quase 20 dias de atraso?
E que o pânico da última hora dessa vez não fez nem cosquinha na minha sem-vergonhice?

Pedi adiamento. Fui lá e pedi. Mas não devia ter pedido. Agora a culpa ganhou mais uns dias para aparecer. E ela tem demorado.

Vou terminar hoje.
Falei isso ontem.
E tenho a impressão que anteontem também.

E isso me deixa tão estressada.
E eu somatizo tudo!
Mau humor.
Um milhão de dermatites que eu nem sabia que existiam.
To empolada. To um dálmata.

Chego em casa depois de um dia de pesquisa.
Perae que eu vou checar rapidinho o facebook.
Ligo a TV. Deixo no mudo. O som me atrapalha. A imagem me faz companhia.

Loguei no MSN. Fica mais fácil ver o email. [aham, Cláudia, senta lá...]
Leio todos os emails. Abro todos os power points que meu pai me manda.
Tantas mensagens de superação e eu não consigo terminar um trabalho final de disciplina de 10 laudas.
Fecha o email.
Melhor deixar aberto. Vai que... A aba do facebook, eu nem pensei em fechar.

Alguém me chama no MSN. Foi-se o tempo em que as pessoas acreditavam no seu status "ocupado". Começa um debate.
Tudo ideológico. Tudo abstração. Ninguém sai vencedor.
Mas todo mundo sai menos convicto que entrou.

Deixa eu voltar pro trabalho. Deixa eu reler para continuar a mesma ideia.

Isso tá uma merdaaaaa. Mas é o que eu tenho. Eu vou terminar isso hoje.
Eu li que tomar sol é bom para ajudar a curar minhas perebas de estresse.
Será que vai fazer sol amanhã? Abro o google. Digito "sol".
Porra, Dora, quer ver se o sol postou no blog dele que amanhã ele aparece?

"previsão do tempo". Vai fazer sol. Beleza.
Relógio. 3 da manhã.
E o trabalho?

Eu vou terminar hoje.
Hoje só acaba meia noite.
Dá tempo.
Vou dormir.

Platão tem toda razão...

eu estava ali tão despretensiosamente que nem tinha gastado tanto tempo assim me vestindo. Não tinha me preocupado com cordões, estava com a minha argola que um dia foi prateada, minha bermuda que um dia foi calça e uma blusa antiga para combinar com meu visual largado.

Até que ele entrou na sala e eu me arrependi de tudo. Eu tentava disfarçadamente arrumar o meu cabelo que, com certeza, estava desarrumado pelo jeito nada convencional que eu me sento. Aliás, deixa eu sentar direito. Encostei as costas totalmente na parte de trás da cadeira, cruzei as pernas. Ele, sem fôlego, achando estar atrasado, preocupado em começar logo a aula extra para qual tinha sido convidado.

E você pode não acreditar em destino, mas eu sei que todas as vezes em que procastinei conversar com aquela professora sobre a pesquisa dela, foi para eu estar ali naquele dia. Naquele exato dia em que ela convidou um professor visitante.

Havíamos combinado que eu assistiria a aula dela, e depois conversaríamos. Okay, eu pensei. Que mal pode ter em ganhar um pouco mais de conhecimento? Até que ele surgiu na porta. E o mundo ficou em câmera lenta pelas próximas 4 horas.

Em suas primeiras palavras, eu não ouvia nada. Me encantava a forma como os seus lábios mexiam e eu olhava diretamente para eles. Quando a sua primeira frase chegou aos meus ouvidos, tão coerente, tão cheia de conhecimentos e fatos, eu não conseguia fazer nada. Só sorri. Anotei qualquer coisa no meu caderno.

Algumas palavras eu nem nunca tinha ouvido. Eu queria saber o dicionário inteiro. Eu queria voltar no tempo e acabar com todas as horas de estudo negligenciado. Eu queria saber tanto quanto ele. Eu queria contestá-lo, ao invés de só, boquiaberta, concordar com cada uma de suas conclusões.

Em silêncio, eu era igual a todas as outras mulheres na sala. Tão encantadas quanto eu. Era óbvio. Eu queria falar qualquer coisa, nem que fosse perguntar onde o banheiro ficava.

Mal consegui pedir licença quando a aula acabou. Ele estava entre mim e a porta. Conversava algo com alguém que eu não conseguia ver. O mundo ofuscado pela sua presença. Encostei de leve em suas costas e ele, tão interessado na conversa, nem me viu ao me dar passagem.

Quando a professora me questionou, minutos depois, eu fui sincera.

"ele é bom, né, Dora?"
"Excelente, professora..." - e falei baixo - "mudou minha vida..."

Tem coisas que mudam sempre... e outras.

Todos os anos as coisas são diferentes de alguma maneira.
Mesmo que de maneira sutil.
Mesmo que sejam só a minha pele e mente envelhecendo.

É um ano diferente. Meu aniversário cai num dia de semana diferente. Os feriados caem em dias de semana diferentes. Às vezes eu viajo, às vezes não.

Às vezes, eu to trabalhando. E mesmo que sempre estudando, tem sempre algo diferente. Os professores mudam, alunos novos entram, alguns antigos saem. As salas mudam. Os diretores mudam. Os reitores mudam.

O verão é mais quente. O inverno mais frio. Eu to mais magra, eu to mais gorda.

Eu corto o cabelo. Pinto. Eu vou à praia.

Eu leio 30 livros. Eu tiro 500 fotos. Faço novos amigos. Como em sushis diferentes. Aprendo uma nova palavra num idioma qualquer.

E mesmo que eu me dirija para o mesmo endereço, a sala tem um móvel trocado de lugar, uma capa nova no sofá ou um pouco mais de poeira no puff.

Meu quarto tem livros novos na estante, um novo postal colado na parede e um recente recadinho fofo da minha mãe pendurado no meu quadro.

A única coisa que ano após ano permanece a mesma, não importa se no Japão teve terremoto, se o aquecimento global está acelarado, se o dólar caiu, se foi descoberto um novo planeta é a [porra da] minha TPM. Mês após mês. Incansável, constante e cruel.

E a cura para isso, ninguém pesquisa, não?

com preguiça de pontuação [ou ponto final]

perae. deixa eu explicar para ver se você me entende. é o seguinte... não, não é bem o seguinte. É o anterior. isso. anterior. é o anterior...e lá estava eu. Menina, nova. naquela idade em que o sentimento é descoberta. e a descoberta traz vontade.

vontade. é por aí mesmo. eu tinha [tenho?] muita vontade de encontrar alguém que fosse para a vida inteira. Tá, eu já sei que não é novidade, nem para você, nem para mim. Mas deixa eu continuar. E eu tava sozinha, num lugar sozinha. E eu fui lá pra ficar sozinha. Sim, eu provoquei a solidão. Eu queria crescer. E eu cresci.

Porém, o que eu não esperava é que meu coração crescesse junto. Não é crescer a palavra. Aurélio, ajuda aqui. Ampliasse? alargasse! Pronto. Alargou. comportou um amor [foi amor?] enorme. era absurdo. era o universo dentro do meu peito. era obsessivo. era. Uma coisa louca.

ai quando acabou... sim, acabou. amor [pow, ainda não sei se foi amor...] também acaba. ai quando acabou, o amor vazou devagarinho. gota a gota. e eu senti esvaziar. E o coração, alargado, ampliado, crescido, seja lá o que for, não voltou ao seu tamanho normal. Tá grande desde então.

e todo minha tentativa tem sido essa. achar quem/o que preencha esse vazio que me acomete sempre que eu me apaixono/interesso. e quando o amor/paixão não são suficientes, eu encho o espaço vazio com as ilusões. e a ilusão é líquida, ela vaza ou evapora. E o vazio se faz presente. grita.

e o coração que não cabe no peito, mas cabe no sonho, bate. bate forte na cara da minha ingenuidade ou ambição, não sei, de tentar reviver o amor [não pode ter sido amor] que não fez nada, só criar essa expectativa.

tá claro?

O que foi escondido é o que se escondeu, e o que foi prometido..

Dora, você promete que não se apaixona por mim?

Mas você é um convencido mesmo, hein...

Não é isso... é porque sempre que alguém se apaixona por mim, eu termino xingado..

É foda, né.. já aconteceu também de eu não corresponder as expectativas de alguém. Mas eu tento sempre ser sincera.

É.. eu não gosto de fazer isso com as pessoas. Mas eu acho que com a gente, você me deixa primeiro...

Você acha?

aham.

Risos...Eu prometo não me apaixonar por você, tá? É o nosso trato.

Pretérito Imperfeito

Os melhores livros que eu já li foram aqueles em que os personagens eram mais humanos do que eu poderia imaginar. Não eram os vilões nem os mocinhos caricatos das novelas. Eles eram tão humanos e tão cheios de nossas contradições que eu sinceramente não conseguia me decidir para quem eu torcia.

Não é o tipo de história que vocês acharão aqui no meu blog. Aqui eu conto só o lado que eu conheço: o meu. Às vezes, uma uma mea culpa.

Então como agora meu coração está vazio, vazio e o máximo de confusão que eu me meti foi uma paixão platônica e um beijo vez ou outra, resolvi encher o "ouvido" de vocês com o meu pretérito imperfeito.

Quando eu conheci o meu terceiro namorado, eu estava numa época muito louca da minha vida. Era uma adolescente tardia. Eu era livre, e como pessoa livre, eu fazia o que eu queria, quando eu queria, com quem eu queria. E quando nós começamos a namorar, ele foi enfático em me dizer que nada agradava a ele a vida que eu levava antes.

Mas eu ainda estava disposta a ser livre. E ele me deixava livre. Livre para fazer o que ele quisesse. Aos poucos, eu não tinha mais nenhum amigo homem. E ao invés de eu tentar provar que ele devia era me aceitar do jeito que eu era [que era, no final das contas, o jeito que ele tinha me conhecido], eu comecei a tentar me encaixar no modelo de mulher perfeita que ele queria que eu fosse.

Era um jogo perdido. Não importa o quanto eu me adequasse, mudasse, eu não era suficiente. E um belo dia, acabou. E eu sofri horrores, fiquei quebrada uns tempos. Me apaixonar só depois de um ano e meio que terminamos e sentimento igual ao que eu tive por ele, ainda não tive igual. E que bom que não tive.

E agora fiquei sabendo que ele casou, vai ter filho e me pergunto: será que ele impõe essas mesmas coisas para essa menina? Ou ele entendeu que não dá para procurar a pessoa perfeita?

O narrador dessa história fica mudo. E é o tipo de coisa que eu provavelmente nunca vou saber. Guardo as minha lições e fico na expectativa que ele tenha aprendido as dele. E que seja feliz. De verdade. =)

"Nós fomos o melhor casal que não deu certo"

É assim que ele escreveu no email enorme que me mandou. E ele sempre manda emails enormes. Paragráfos e parágrafos de seu discurso sempre prolixo, mas que de maneira alguma me cansa. Eu sorrio quando o email dele chega. Eu sorrio quando termino de ler.

Eu sorrio por saber que nem sempre o amor termina quando acaba o sexo, o beijo e o contato. O amor sublima. Se é verdadeiro, ele sublima. E se transforma, se encaixa para a sua melhor forma.

A melhor forma de nós dois. E eu já não consigo me lembrar se eu te amo, e você é meu amigo, ou se você é meu amigo e eu te amo.

Mas me permita discordar. A gente deu certo. Só que de uma maneira que a gente não esperava. E damos certo há mais de três anos.

Só o que é verdadeiro, permanece. A gente taí e isso não nos deixa mentir.

Subesti[mar]


A correnteza está forte. Mas eu, sinceramente, achei que havia entendido como funciona e estava usando a sua força para sair desse mar revolto.

Mas nos últimos metros da margem, depois de já ter ultrapassado a arrebentação, olhos brilhando pela alegria da chegada, eu me levantei rápido demais e ignorei a onda que certamente viria... como eu não soube que viria?

Sim, o mar é imprevisível. E meu erro foi achar que o conhecia.

Brochar é humano.

Tanto quanto um cara tem que ser muito homem para assumir que já brochou, é preciso ser muito mulher para confessar que já brocharam com você.
Eu não vou nem ensaiar dizer que isso nunca aconteceu comigo. Porque já aconteceu. Algumas vezes eu encarei bem, algumas vezes eu encarei mal. Mas quando acontece o máximo que a gente pode fazer é encarar a realidade. Continua ou para? E isso você vê pela reação da pessoa na hora. A diminuição do ritmo é indicativa. Pode ser que alguns minutos sejam só o que a pessoa precisa. E vocês retornam ao caminho que não deveriam ter deixado. Ou é melhor deixar para lá e assistir um filme. Não tem regra.

Mas eu acho o seguinte: ninguém tem a obrigação de transar com ninguém. Nem homem nem mulher. E essa filosofia de que homem está sempre preparado e sempre com vontade só aumenta a expectativa e consequentemente a frustação. Acho que homens também têm seus problemas, suas inseguranças, preocupações, e veja, ninguém escapa, uma hora ou outra, ele vai falhar.

Eu vou ser sincera em dizer que feliz eu não fico. Rola um ego inflado indo por água abaixo, que apesar da razão gritar "isso é normal..", sempre se questiona: Será que fui eu? A culpa é minha? Foi algo que eu fiz? Ou que não fiz? E procurar culpados só torna o momento mais constrangedor. O cara pode não saber explicar. Pode não querer explicar.

Mas se ele quiser conversar, vale a pena evitar as piadinhas e caprichar na escuta e na compreensão.

E a vida é assim, né, feita de altos e baixos...vamos valorizar quando está alto e contornar os baixos.
E torcer para que a Newton não esteja 100% certo, assim nem tudo que sobe tem que descer, pelo menos não antes de você aproveitar bastante ;)

A grata surpresa da desilusão

Quando me deparo com alguém com o discurso desprendido do amor livre, eu sempre o imagino como um super herói, capaz de feitos que eu não conseguiria nem em 10 vidas. E eu já reconheci aqui a minha limitação: eu prego um amor bem egoísta, daquele só eu e e você e mais ninguém, que-história-é-essa-de-mais-um.

E eu sou sempre muito curiosa sobre essas experiências de relacionamento aberto, mas até hoje não tinha ninguém para me contar como acontecia. Ninguém que eu pudesse fazer as trezentas e uma perguntas que eu gostaria.

Eis que a vida dá voltas e eu encontro alguém assim. Mas, para minha surpresa, o que eu encontro é alguém extremamente inseguro com a própria condição. Olha só que coisa curiosa... eles têm os mesmos problemas que eu tenho. Há ciúme, há cobrança, há o desequilíbrio comum em todo o relacionamento. Tem sempre alguém mais envolvido e tem sempre alguém que orbita, enquanto o outro vive.

E de repente, a pessoa é tão humana quanto eu. E ao invés de eu perder a admiração, eu consigo admirar ainda mais.

É ou não é fantástico encontrar pessoas que tiveram a ousadia de serem [ou de tentar serem] livres?

Como será o amanhã?

"Tá morrendo de vontade de ir para casa, né?"

E eu disse, claro que não, quero curtir muito a viagem. Mas verdade, verdade mesmo, é que eu estava/estou doida para descobrir se aquilo tem direito a mais um dia, ou se não tinha passado de só uma noite de muitas cervejas, oportunidade e nascer do sol na praia (fruto de um desejo intempestivo da Lia de ver o mar).

Merecendo o bis ou não, dentro de um mundo de possibilidades que se descortinavam e revelavam, eu estava feliz por saber que não planejei nada e que, o que o futuro me reservasse, eu não estava ansiosa por chegar. É bom saber que eu ainda me permito o imprevisível.

E ninguém pode negar que não há nada mais imprevisível que ele.

Pode isso, Arnaldo?

eu queria entender o seguinte mistério: quando estávamos juntos, você não era nem de longe o cara que eu queria pro resto da minha vida. Nem perto. Havia certos aspectos da sua personalidade que me irritavam e que eu não queria, definitivamente, na educação de nossos [possíveis] futuros filhos.

Mas eram aspectos que, para o que nós tínhamos, me cabia muito bem. Verdade é essa. Era conveniente. E eu adorava que fosse somente conveniente. E eu achava que vivíamos bem. A gente vivia bem. E você parecia bem, sossegado, satisfeito. E a gente dizia, saudades. Você me disse: te adoro. E eu não me assustei. Eu tava calma. Eu também estava bem.

Se a gente não podia se ver hoje. Tudo bem. Eu podia te esperar amanhã. Você não me causava aquela ansiedade. Se você demorava a responder a minha mensagem. Tudo bem. Eu esperava e não morria por isso. Era perfeito que eu não te amava, que eu não estava apaixonada, que você era uma boa companhia, que você me tratava bem, que você era gentil, carinhoso e presente.

E eu não me sentia presa. Eu não tinha obrigações e quando eu tinha a oportunidade de ficar com alguém, e eu não ficava, aquilo só significava que eu não precisava de mais ninguém, além de mim. Eu estava plena.

Mas foi você partir, e de repente, não mais que de repente, você é tudo que eu sempre quis. Melhor dizendo, o que a gente tinha, é tudo que eu sempre quis. A liberdade, a companhia. Os filmes, as conversas. A intimidade.  Foi quando eu senti que você não era mais meu, que eu comecei a me importar. E não parei desde então.

Eu poderia enumerar um milhão de coisas que eu sinto falta. E tá tão recente...e o nosso beijo combinava tanto. Eu não sei ao certo o que ocorreu e isso me mata. To catando pedacinhos do meu coração, e eu posso jurar que alguns eu não vou encontrar.

Eu não queria ser ninguém para você. Eu não tinha qualquer pretensão de que você fosse alguém para mim...

Então me explica, porque faz tanta falta....

Poeira IV

Verdade seja dita...

Veja bem, eu não sou uma máquina. É sangue que corre nas minhas veias e é oxigênio que preenche meus pulmões. Eu sou dada a fraquezas e às vezes a explosões -- que justificáveis ou não -- falam mais verdades que se precisa ouvir.

Mas há de se convir, me foi apresentado uma fortaleza, que me foi dito só ter existido uma vez e na primeira vez (e todos sabem que primeiras vezes são amaldiçoadas).

Que se entenda que não li entrelinhas, nem muito menos interpretei metáforas de romances clássicos. Me foi falado com todas as letras, por diversas vezes e ocasiões. E não só as três palavras mágicas (que para alguns tem o mesmo valor que uma equação elevada a zero), mas muitas outras tão ou mais significativas.

No entanto, as pessoas se enganam e o pior, NOS enganam. Falam o que queremos ouvir, o que convém. E é claro, a gente acredita porque quer, também nos convém. Quem é que não gostaria de ouvir exatamente o que quer ouvir (a redundância se justifica)?

A revolta é saber que fizemos parte, fomos inclusive parte vital para o processo e sucesso da ação. Fechamos os olhos e ouvimos o canto das sereias.
Quem diria que uma das mãos que nos empurrou seria a nossa?

Poeira III

Eu andei pensando esses dias... Já ouvi muita gente dizer que conforme os relacionamentos vão passando, você fica mais exigente, mais chato, menos permeável a caprichos e manias.

Pois eu penso o exato contrário. Conforme fui vivendo meus relacionamentos, tentei sempre fazer mais do que tinha feito no último. Tentei ser mais tolerante, tentei ser mais compreensiva, tentei assumir mais meus erros, pedir mais desculpas...

e adivinha: também não deu certo...

então alguém me explica, por favor [que porra é essa?] que não importa o que a gente faça, ainda sim, não funciona?

Poeira II

Seguindo a era dos rascunhos...

Não dá para falar de paixão sem ter palavrão. [até rima!]

Sabe qual é o problema?
Você se apaixona.
Porra, isso já é um grande problema.

Então vamos reformular.
Sabe qual é o grande problema?
Você se apaixona.

E de repente as expectativas tomam conta do ambiente como erva daninha.
Sufocam todo o resto.
Você não rega e não cuida mais das flores.
O que de bom poderia nascer, não nasce.
O que tinha nascido não cresce.

E você persiste. Tá apaixonada. [não falei que isso é uma porra de um grande problema?]
E o jardim parece bonito.
Porque gente apaixonada ainda por cima é cega.
Mas o seu tato, sua intuição, não te enganam.
Tem alguma coisa errada ali.

Mas foda-se.
Você tá apaixonada. Deve valer a pena.
Adivinha, beibe... Não vale.
O ego dói.
O coração dói.
Você pensa: Caralho! Será possível?

_______

Veja bem. Tem um dia que vai valer...
Eu sei que vai...

Poeira I

Aposto que você não sabia que eu também escrevo coisas profundas e melancólicas. Um pouco de filosofia barata, sabe como é. vou publicar aqui algumas coisas.. uns rascunhos antigos...

Refletindo ou Só porque eu sei que você nunca vai ler...

É curioso e às vezes um pouco triste observar a empolgação com outros gostos e cheiros.
Não a sua, porque eu a previ e esperei. E sempre soube que viria.
Mais cedo ou mais tarde. E soube na hora em que aconteceu que era ali o momento.
Mas a minha. Porque eu confiava em mim. E eu achava que eu não era capaz.
Eu achava que aquilo iria me guiar para sempre.
Eu pensei: encontrei. E não importa quanto tempo passe, ele não vai passar.
E eu acreditei fielmente nisso. Eu condicionei a minha vida a isso.
Cada sorriso e cada lágrima.
E agora, no meio da confusão da efêmera e imediata novidade, que ainda que rapidamente me retira da inércia que eu mesma me condenei, eu me questiono: então, não foi real?
Porque se eu [re]afirmar o que senti [sinto?], não estarei eu, invalidando toda e qualquer crítica que eu dirigi com tanta convicção a você? De repente, não somos iguais?

Talvez.
Meu ego nunca diria sim. Minha razão nunca diria não.
Fato é que agora eu observo o nascer do dia, o sol esquenta o meu rosto e aquece o meu coração.
Eu respiro fundo...
Eu não perco [nada] por esperar...

Déjà vu

E agora o carro dele parece o campeão de vendas. Devia estar na promoção. Compre uma roda e ganhe esse carro. Compre um e leve dois. Não é possível. Aonde quer que eu vá, tem uma frota de carros iguais ao dele. Da porra da mesma cor. É moda. Deve ser.

E a cada vez que eu me deparo com o carro, meu coração saltita. Pula, vem a boca. Quer sair. Quer ir no carro com ele. Mas eu não tenho escolha. Engulo o coração a seco. "Volta pro teu lugar desesperado! Postura, coração. Eu já conferi a placa, não é ele." Mas ele fica batendo no peito acelerado em revolta.

O mesmo acontece com perfume [né, Mel?]. Eu posso jurar que sinto o cheiro dele se eu prender a minha respiração. As ruas estão estranhamente perfumadas. O elevador, o corredor... acho que até o porteiro tem usado essa fragância, viu...

E eu fico me perguntando se é assim para ele também, ou se isso é só coisa de mulher maluca [vulgo eu]. Será que ele sente a minha falta? Sente meu cheiro? Me vê nas pessoas na rua? Ou será que ele já se consolou e me esqueceu nos braços e pernas abertas de outra?

Eu disse ponto final, mas eu quis dizer ponto parágrafo. A gente encerra essa conversa e começa outra. Outro assunto, outra idéia. Outro capítulo. Vira a página.

Agora me diz, como eu sou capaz de querer perdoar quem não me pediu perdão? Quem, eu nem bem disse vai, e já tinha ido? Sabe aquele adeus de porta aberta? Mais sonoro que um "fica"... e ele não ficou. Então que se extinguam os carros, que acabem todos os vidros de perfume.

Vou andar para frente desesperada, sem olhar para trás e foda-se.
Quem sabe o que a adrenalina da corrida me reserva...

A véspera do dia seguinte

A experiência do esquecimento, da superação, do deixar para lá é curiosa. Engrandecedora. Mas curiosa e absurdamente, reveladora.

Isso não é filosofia barata. Não puramente.

Eu já tive que esquecer algumas pessoas. E umas foram muito mais difíceis que as outras. E cada que vez que uma difícil passava, me dava esperança para superar as fáceis. E eu sabia exatamente a diferença entre uma e outra. E eu sempre dizia, se eu conseguir esquecer fulano, ciclano vai ser moleza...

E agora eu to numa fase "ciclano". Embora eu sinta falta dele, porque sejamos justos, o cara foi fofo, atencioso, ele decidiu, no meio do caminho do que parecia maravilhoso, arrumar outra.

Por que? Porra, não sei. E eu to remoendo isso há dias. Sei lá o que de errado parecia para ele, ou o que era ausente - que não era, claramente, ausente ou errado, para mim - que o fez ir colher flores em outros jardins.

Motivos à parte - vamos combinar não mudam o fim dessa história - fato é que eu não estava apaixonada. Não, não estava. E se vocês me vissem apaixonada, saberiam do que eu estou falando. Eu estava envolvida. Isso sim. Envolvida o suficiente para agora estarmos machucados. Meu ego e eu.

E vivo agora aquela ansiedade. Aquela chata ansiedade que me acompanha desde sempre, na espera pelo dia em que essa dor passa. Na espera pelo dia seguinte. E apesar de saber que será breve, o processo ainda é doloroso o suficiente para eu não desejar tê-lo.

E vem aquela fase em que namorados felizes na rua me irritam [sim, eu sou o puro recalque], que as histórias bem sucedidas de amor das minhas amigas me deprimem [pq não euuu?], em que eu evito filmes de romance [mesmo as comédias] e os finais de novela da Globo [onde todo mundo termina com alguém! Já repararam? Mesmo quando a pessoa perde o amor da vida, eles sempre colocam um Thiago Lacerda, Rodrigo Lombardi, em participação especial, para consolo. Cadê o meu?].

Então, até O amanhã, né... onde o céu é azul e a grama mais verde.

Nos vemos lá.

"Viajar é trocar a roupa da alma"

Então é isso, o dia tá chegando, a hora tá mais próxima e a cada tic tac do relógio, a viagem fica mais perto. Já posso sentir os ares portenhos inundando o meu olfato. Aquele friozinho também.

Mala quase pronta. Já cheia. Para evitar excesso de bagagem, vou deixar o meu juízo em casa.

Máquina em punho. Bastante disposição, tênis para as caminhadas, simpatia para as novas amizades e coração aberto para as novas experiências.

Eu me desejo sorte. E me desejo também aquela coragem que faz nos permitir. Aquele imprevisível, aquela rota inesperada que traz o inesquecível.

Até breve!

Devolva-me.

fato é que eu nunca gostei muito do seu beijo. E o nosso beijo nunca combinou.
Gostava ainda menos quando você fumava. E você fumava para me irritar, eu tenho certeza.
Tampouco me agradava a sua mania ridícula e infantil de achar que tinha direito que ficar puto por eu estar puta. Nunca houve tanta incoerência no mundo. Odiava o barulho de mensagem no seu celular e me dá arrepios até hoje o seu ringtone.

Eu tinha completa aversão a sua vaidade exarcebada, ao seu costume de não travar discussões e a sua ideologia barata. Me irritava aquele seu sofá-cama e a impressão que eu tinha, que quando eu não estava ali, você não dormia nele. Eu podia jurar.

Me desagradava o seu gosto musical cheio de bandas de músicas longas, melancólicas e limitadas. Me ofendiam a sua cultura literária, sua preferência por blusas claras e bermudas de uma cor só.

Eu ficava impaciente na sua roda de amigos fútil ou enquanto esperava o seu carro terminar de ser lavado. Me enfureciam os seus atrasos, sua falta de respeito pelo tempo e sua incompreensão com a minha ansiedade. Me feriram as suas mentiras, o seu descaso e a sua expressiva capacidade em me manter ali, mesmo quando o prazo já tinha expirado e quando o cheiro de velho e estragado já era sentido a distância.

A linha tênue que separa o amor e o ódio, a paixão e a indiferença, o acaso e a provocação, não é fronteira. É escolha. E ficar aqui é orbitar ainda mais tempo nessa sua gravidade.

Acabei-me.
Porque só sendo outra, para não ser nunca mais quem eu fui para você.

Fingir, pra que?

Eu tava numa conversa que nada tem a ver com o contexto da conversa que eu vou iniciar agora com vocês, quando um amigo solta a piadinha, clássica, pérola do estereótipo feminino: as mulheres fingem muito bem.

Porra, vamos combinar, pessoas que compartilham comigo do sexo feminino, que história é essa de fingir, queridas? Não, não, tem algo de podre no Reino da Dinamarca e a gente tem que reverter esse quadro.

É fato que milenarmente foi negado o prazer a mulher no sexo. Prazer eram para as putas [putas, mas felizes, né?], para as meretrizes, amantes, aquelas indignas. Então, o homem ia lá, terceirizava a masturbação no seu lindo corpinho, terminava o serviço, e a mulher objeto, nada.

Mas as mulheres avançaram. Lutaram. Século XX que o diga. Viu as mulheres votarem, serem votadas, vereadoras, deputadas, senadoras, presidentes! Mulher é chefe no trabalho e de família. Queimaram sutiã. Lutaram contra a violência. Tem direito a herança, dão nomes aos filhos. Trabalham fora.

E depois disso tudo, você deve pensar que o sexo foi então a parte fácil. Que nada! Ainda tem gente que faz sexo, o cara goza e venha-vós-a-nosso-reino, nada! E você fica ali... ele com cara de satisfeito, e você chupando dedo.

Cumiquié? É lógico, que o fingimento é também uma prova de amor. Você não quer magoar o cara. Ele lá se achando o deus do sexo, e você nem ai! A culpa não é sua, gata. Cada um sente prazer de uma maneira. E cabe a você saber a sua, ou descobrir junto com o parceiro.

Não vou dizer para vocês que eu nunca fingi. Eu já fingi. E posso dizer que a dramartugia desse país está perdendo uma excelente atriz. Mas veja, quando eu comecei a perceber que fingindo eu tava prejudicando, ninguém, mas a mim mesma, eu falei quer saber, ACABOU, o amor! Acabou o teatro, o show NÃO tem que continuar.

Ou é de verdade, ou a gente vai ficar aqui até amanhã... até que seja. E às vezes é rápido, às vezes demora... com eles também é assim. Você não é um E.T., espere o seu tempo e aproveite a recompensa.

E saiba, sexo é para ter sacanagem. Porra, é sexo. Então abram suas asas, soltem as suas feras, relaxa e goza. De verdade. Porque é muito bom ;).

Bem que se quis...

Esse mundo curioso e simbólico dos relacionamentos sempre me intriga. E como estou no limbo entre um término e um possível [ainda que remoto] começo, ando mais sensível para essas manifestações.

Quando se termina um relacionamento, a primeira coisa que tende a cessar é o contato. [salvo em casos extremos, dignos de acredite se quiser, né, Lia?]. A não ser que você trabalhe ou estude com a pessoa, é bem provável que você não o veja. Seja porque, de agora em diante, você irá naturalmente evitar os locais que ele frequenta, seja porque o destino se encarregou do ponto final.

Mas tem outras coisas que você só se desfaz com o tempo. As fotos, o número dele, as cartas, os presentes, as mensagens no celular... isso são coisas das quais você se livra aos poucos e cada uma delas representa o inevitável fim. Você termina com ele de novo cada vez que guarda na caixa mais funda do armário aquela foto de vocês dois.

E você reafirma para si mesma o fatídico "foi melhor assim". Esse processo tem um quê de triste, mas também tem muito de libertário, de renovador. E quanto mais fundo você empurra as lembranças, menos peso você carrega contigo. Menos dor...

E é espaço vazio que se preenche...Que venha o próximo...

Monólogos da minha insanidade [2]

Sabe qual o problema? Eu te dou o controle e você fode a porra toda. Não diferencia loro de criolo. Anda a esmo. Não respeita limites, me mete nas maiores furadas e quando você se machuca, quem sofre sou eu. Ah, me poupe. To cansada.

Oras, se ao menos você fosse sensato. Sim, sensato. Eu sei que não é da sua natureza a sensatez. Mas aprende? É burro? Parece. Burrice nata, incruada. E surdo, cego. Burro, burro, burro!

Que raiva que eu tenho de você, sabia? Da vontade de te arrancar do peito e andar por ai sem você, coração!

Monólogos da minha insanidade

"Porque se for para ser só sexo. Tudo bem, sexo it is. Ou it is, nada, quer saber? Que história é essa, companheiro? Porque, veja, essa história de pau amigo e tal, sexo casual e tal, não é para mim. Foi mal, desculpa, eu não sou moderna, eu não banco isso. E se eu fiz discurso que banco foi para te conquistar. E me fudi! Porque me joguei também nesse poço sem fundo das promessas que te fiz e que sabia que eu nao ia cumprir. Aí, eu fico nessa, tu não é meu namorado, mas parece que também passamos da fase de ficante. Estamos naquele limbo, perdidos nessa dimensão paralela, sem saber o que somos. E vamos combinar? É conveniente, mas é chato para caralho!"

"Eu tenho, sim, a mania de achar que o mundo não faz nada mais do que estar a minha disposição. O mundo, não... correção! Os caras com quem eu fico. Não é por mal. É porque mamãe ensinou, faça com os outros o que você gostaria que fizessem por ti. E eu to a sua disposição, todinha sua, soltinha na marola... o que você fizer de mim, eu sou. Aí, eu só espero que você faça o mesmo. É pedir demais?"

Make yourself home

Pode entrar.
Fica à vontade, a casa é [quase] sua.

Não repara a bagunça. Nem essas fotos antigas.
Faz um tempo que não venho aqui.
Não tenho tido tempo de arrumar, mas agora que você chegou, prometo deixar o mais organizado possível!

Não, não. Não entra nesse cômodo. A luz queimou há dias e eu não vou consertar.

Gostou do ambiente? Sentiu-se bem? Você pode ficar o tempo que quiser.

Eu tenho certeza que você vai fazer uma bagunça nisso aqui. Tudo bem.
Só não quebra nada por favor... eu levo dias para consertar. E posso não saber te perdoar.

Só me avisa quando tiver para ir embora para eu me preparar.
Eu me acostumo fácil com a sua presença.

Traga o que puder. Ocupa o teu espaço. To precisando expulsar o outro inquilino e você me faz bem.

Bem vindo ao meu coração.
É mobiliado.
O aluguel é barato.
E a vista é linda...

Pode confiar.

O dia dos [meus] namorados - "para não dizer que não falei de flores..."

Eu sei que eu reclamo, eu falo mal, eu xingo eles pelo que sofri, pelo que mentiram, pelo que não fizeram e muito mais.

Mas cabe aqui dizer que eles também, nem que num ínfimo e curto momento [uns mais e outros menos] me trouxeram algo de bom. Me ensinaram alguma coisa, deixaram algo de inesquecível.

Eu aprendi a ouvir boa música.
Tentaram me ensinar a tocar violão.
Enxugaram algumas lágrimas.
Ouviram muitas das minhas reclamações.
Cuidaram de mim quando eu fiquei doente.
Me ensinaram a dirigir, me confiaram seus carros.
Me ensinaram sobre esportes.
Me escreveram cartas.
Assistiram filmes comigo.
Me dedicaram músicas.
Me compraram os presentes mais simples e mais lindos.
Me deram livros.
Me deram chocolates.
Me fizeram sorrir.
Leram meus textos.
Levantaram meu astral.
Me acharam bonita.
Comeram minha comida.
Me ouviram cantar na carona de seus carros.
Me olharam nos olhos.
Riram das minhas piadas.
Me envolveram em seus braços.
Dormiram comigo de conchinha.
Me consolaram.
Viajaram comigo.
Fizeram planos comigo.

Dora Delano não existiria ou seria mais tediosa sem todos vocês meninos.

Muito Obrigada.

;)

Gato por lebre

Então, eu arrumei esse novo trabalho. E num dos primeiros dias de treinamento, e o vi. Lindo. Seu par de óculos que lhe combinam tão bem. Seus cabelos bagunçados. Seu andar de quem não estava nem ai.
Ele passou por mim e sorriu. Deve ter pensado que eu era uma de suas alunas. E eu fiquei tão atordoada que nem consegui sorrir de volta. Quando o sorriso finalmente se fez em meu rosto, ele já havia se virado e partido.
E assim, os dias se passaram. Eu o via de longe conversando com os outros professores. Ele só me cumprimentava. E eu me derretia.
Eis que um dia, a diretora me chamou para conversar sobre algo que nem me lembro mais. E quando cheguei à sala dela, lá estava ele sentado com aquele charme que envolvia por completo o ambiente.
Sentei no sofá. Arrumava meu cabelo devagar, me questionando se eu ainda exalava o meu perfume. Ficamos conversando os três. O sotaque maranhense dele era música pros meus ouvidos.
Eu saí dali planejando nosso casamento. As flores seriam brancas. Nossos filhos seriam lindos. Nossa lua de mel na Argentina... Amor, paixão, nós dois velhinhos sentados na varanda de uma casa de praia...

Aí... poizé, tem um ! Dois dias depois disso, todos os professores foram intimados a participar de um treinamento para uma nova tecnologia que estavam colocando no curso. Como seria em outra filial, combinei de ir com outro professor que tinha entrado na mesma época que eu.
Conversa vai, conversa vem, ele solta:
Ele: “pow, a professora fulana tava me contando que o Diogo tá super triste e tal...”
Eu: “triste por que?”
Ele: “ah, parece que ele tinha um relacionamento lá em Minas, onde ele morava...
Eu pensei: OPA! Tinha do verbo não tem mais! Acabou, bjotchau, a fila anda!
mas não tava dando muito certo...ai parece que ontem ele terminou
Nunca vi tanta felicidade caber num único segundo...
com o namoradO...
...e acabar tão rápido.
Eu imediatamente fiz: AHN?
É, ele tinha esse namorado...
O resto pra mim foi blábláblá... adeus, casamento, flores brancas, filhos, argentina, varanda...
O cara era perfeito, tão perfeito que era gay... Quando finalmente chegamos no curso, eu sentei bem longe dele. Ele me viu e sorriu. E eu nem sorri de volta. Tava ali me sentindo enganada...quase um estelionato!
E quando eu falo que eu sou azarada, cagada de urubu, vocês me acham dramática...

Dar ou não dar?

Bando de mulher à perigo e homens safados que já acharam que esse post era sobre sexo.
Tudo bem, o final pode ser sexo. Mas a questão principal aqui é outra.

Você está na night. Aquele carinha interessante se aproxima, métodos de dar idéia diversos, algo te conquista [ou ele é simplesmente G-A-T-O e você não via a hora de ele parar de falar e te beijar logo], e vocês ficam.

Oba, beleza. Iupi. Urra. Uhull. Momentos de alegria, felicidade.
O beijo combina, o cara é simpático.
Mas tudo que começa um dia acaba e chega a hora de ir.

Veja, se o cara não inventou uma terrível e inesperada vontade de fazer xixi para te deixar e buscar outra, se ele não te deu um beijo e sumiu, se ele pagou de namoradinho a night inteira, é provável que ele peça o seu número.

Ai começa o sofrimento.
Sim, pesquisas indicam que 87,8% dos homens que pedem o telefone não vão ligar.
E por que pedem se não vão ligar? Porra, eu nãooo sei. Algum homem ae para me contar? É só para ter mais um número na agenda? Você coleciona? É simpatia? Qual o problema com vocês?

E os mais desprendidos pensam: "ah.. vou dar o meu número, se ele ligar, é lucro..."
E NEM É! Imagina a ansiedade.
Passa o primeiro dia, o segundo, o terceiro... a primeira semana... é...ele não vai ligar.
E o mistério de para-que-que-pediu-meu-número-então-porra continua.
E isso frusta.

E você decide. Então, não vou dar. Vou dar errado. Vai ser o castigo dele. Vai colecionar agora número errado, infeliz! E começa outra neura... pow, e se ele ligou? Tadinho... caiu errado. Deve ser por isso que eles não ligam... ficam frustrados quando as mulheres dão números errados... ó! a culpa é minha!

É sem fim. É eterno. Você vai ficar nessa dúvida para sempre.

Conselho [e conselho bom é de graça mesmo, pq se for para pagar eu vou no psicólogo]: .

Viva a expectativa de que pode acontecer. É melhor do que cortar a possibilidade antes mesmo de saber o que vai acontecer.



Ou peça o número você. Surpreenda. Quando der o seu número, pede para ele dar um toque no seu. Para que ser passiva na situação? Fala para ele: "me dá o seu, que eu dou um toque" ;)


E se não acontecer, paciência.
Muita paciência.
Paciência para carai.

Um dia da caça, outra do caçador.
A vida dá voltas.

Aguarde e confie.




Para minha amiga mais que linda, Nina Nuth.

Vendetta.

Sabe qual a questão?
Não, eu não sou burra.
Não, eu não sou cega.

Sim, eu sei interpretar os seus sinais enviesados em SMS com mensagens subliminares.
Mas, veja bem, quer moleza, beibe, senta no pudim.

Foi sempre assim.
Você decidia que me queria de volta, fazia algo completamente incompreensível e estranho.
Esperava q eu entendesse os sinais. E eu, burra, nem te dava trabalho. Nem fazia charminho. Eram meus braços abertos que você sempre via. E você voltava como se nada tivesse acontecido.

Eu, ao contrário, quando te queria de volta, me rasgava em declarações e amores, em atos e demonstrações do meu mais puro amor.
Te ligava um milhão de vezes, mandava 345 mensagens de texto, 309 emails.
Para você não me atender em 999.997 ligações, não me responder em 340 mensagens e me ignorar em 300 emails.
E mesmo assim eu tava lá. E você, de repente, resolvia que ia fazer o favor de perdoar o que eu claramente não tinha errado. E a gente voltava.

Pois agora, querido, se é isso que você quer [e eu não sei ao certo mais se eu quero que você queira!], vai ser mais difícil. Mais complicado. Mais exigente.

Dessa vez, você vai ter que querer como eu te quis. Independente de mim. E não só se eu quiser. Entende? Eu te amei [amo], não porque você me amava... então eu espero que se for para você lutar, que seja independente de qualquer recusa que eu pareça demonstrar.

Tenha trabalho. E eu juro, que como você fazia, eu penso no seu caso.

Grito surdo.

Eu queria [devia] fazer terapia. Minhas amigas agradeceriam. Eu agradeceria.
Nem eu mesma aguento o som das palavras repetidas que cismam em tomar corpo ao invés de só habitarem os meus pensamentos.

E que pensamentos chatos. Repetitivos. Ficam dando voltas. Me irritam. Se chocam uns nos outros. Me confundem. E eu já não sei mais o que escrevo.

E tudo isso por causa de uma mensagem inofensiva.
Que sofra de uma dor de barriga infernal o inventor das mensagens de texto.
A culpa é sua. Sim, é.

Não é minha que dei todos os meus números de telefone. Que dei todos os meus emails e perfis em redes sociais. A culpa é sua que criou esse instrumento tão direto e sem necessidade de interação. Você recebe a mensagem e ela fica lá, piscando, lembrando que alguém te procurou, lembrou de você, nem que seja para resgatar um item que você falou há semanas para ele pegar.

Por que hoje? A mensagem ainda vem acompanhada de "desculpas".
Sério mesmo que você ficou ocupado durante todo esse tempo e que HOJE, [pq hojeeee?] você resolveu que fazia diferença ter de volta? O que você quer de volta?

No presente momento eu te queria de volta, só para dizer que não te quero nunca mais.

Meu ego está gritando por isso...

Quase balzaquiana...quase encalhada

Tá para nascer mulher mais azarada que eu.
Nem adianta vir com esse sentimento de solidariedade barato do "eu também, Dorinha"..."isso acontece com todo mundo", "você não é a única a sofrer disso"...

Ah, querida, mas você não ouviu a história toda, completa, detalhada, com direito a dramatização e, quem sabe um dia, adaptação para peça ou cinema. [no teatro, por favor, Cléo Pires, no cinema, eu pensei em Eva Longoria].

Por isso eu abri essa budega aqui.
Eu preciso compartilhar esse azar com alguém para ver se me livro dessa maldição.

Sai daqui urucubaca!
Mandei benzer o blog e dei banho de sal grosso.

Agora vai...